Os times ganharam o título continental nos dois últimos anos e duelam para ampliar o domínio na América do Sul
Dominantes no futebol sul-americano, Flamengo e Palmeiras decidem neste sábado, às 17h, no estádio Centenário, em Montevidéu, quem será campeão da Libertadores pela terceira vez. Os times ganharam o título continental nos dois últimos anos e duelam para ampliar o domínio na América do Sul. Essa hegemonia só foi possível graças ao processo de reestruturação financeira pelo qual passaram as duas equipes. Elas se organizaram e hoje orgulham-se de disputar e vencer títulos com frequência.
A situação confortável financeira que os dois têm hoje, com a possibilidade de trazer nomes de peso para os elencos, é resultado da reconstrução iniciada no Flamengo em 2013, com o ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello, e em 2015 no Palmeiras, a partir da gestão de Paulo Nobre. Os dirigentes não estão mais à frente dos clubes, mas os seus sucessores deram prosseguimento aos trabalhos e o cenário hoje é positivo.
Se no começo da remodelação, foi necessário montar elencos sem grandes estrelas para ajustar as contas, hoje os plantéis são recheados de bons jogadores que decidem jogos e campeonatos. Flamengo e Palmeiras são os clubes mais ricos do País e tudo leva a crer que continuarão sendo pelos próximos anos.
“Ambos clubes fizeram a lição de casa, que no futebol brasileiro significa reduzir a dívida e pagar salários em dia. Além disso, aumentaram bem seu faturamento, especialmente no caso do Flamengo. Mantidas essas premissas, tendem a continuar brigando nacionalmente e internacionalmente pelos títulos de todas as competições que disputem”, diz Eduardo Carlezzo, advogado especializado em gestão esportiva.
O Palmeiras se aproximou dos R$ 700 milhões em arrecadação em 2018, viu a receita cair em 2020 em virtude dos efeitos da pandemia, com um déficit de R$ 150 milhões, mas registra um superávit acumulado em 2021 de R$ 83,5 milhões e deve ampliar seu faturamento em 2022. O patrocínio da Crefisa e da FAM rende R$ ao menos 80 milhões anualmente – pode chegar a R$ 120 dependendo das metas alcançadas. O Flamengo prevê obter receita superior a R$ 1 bilhão ao final de 2021.
Os dois investiram alto em contratações nos últimos anos, embora atualmente trabalhem de formas diferentes no mercado, já que o Flamengo permanece gastando muito para se reforçar com atletas importantes, como David Luiz e Andreas Pereira que vieram neste ano.
Enquanto que o Palmeiras “fechou a torneira” em razão da política de austeridade nos últimos dois anos e passou a dar mais espaço para os jovens formados em sua base, casos, por exemplo, de Patrick de Paula, Danilo e Wesley. Mas isso pode mudar com Leila Pereira na presidência. Certo é que, independentemente de quem sair vitorioso em Montevidéu, ambos vão continuar fortes e soberanos no futebol do continente.
O Flamengo joga sua terceira decisão continental. Venceu as outras duas que disputou, em 1981 (em Montevidéu, curiosamente), e em 2019, em Lima, no Peru. Esta é a sexta final de Libertadores na história do Palmeiras. Primeiro clube brasileiro a chegar à decisão do torneio (em 1961, contra o Peñarol-URU), o clube paulista é o que mais vezes alcançou a fase decisiva da competição, ao lado do São Paulo – foi campeão em 1999 e 2020 e vice-campeão em 1961, 1968 e 2000.
O time rubro-negro teve um caminho mais tranquilo para alcançar a final. No mata-mata, deixou pelo caminho rivais inferiores: o argentino Defensa y Justicia, o paraguaio Olimpia e o equatoriano Barcelona de Guayaquil. O Palmeiras, ao contrário do fez na edição passada, teve de enfrentar adversários tradicionais, como Atlético-MG e São Paulo.
“Viemos pelo caminho mais difícil e estamos aqui de novo, por mérito e estratégia. Os jogadores têm competência e qualidade. Essa equipe já provou que está pronta para escrever a história”, afirmou Abel Ferreira.
ESCALAÇÕES
O Flamengo jogou sem força máxima em boa parte das últimas partidas. No entanto, houve tempo hábil para os lesionados se recuperarem e Renato Gaúcho mandará o que tem de melhor para a decisão. O problema de Rodrigo Caio foi só um susto, Arrascaeta está recuperado de lesão muscular e Pedro, apto a jogar depois de passar por artroscopia no joelho há um mês. “Não posso dizer quem está 50% ou 100%, mas todo o meu grupo está à disposição”, limitou-se a dizer Renato Gaúcho.
O Palmeiras também joga com o que tem de melhor, ou quase isso, pois está sem seu lateral-direito titular. Marcos Rocha, suspenso, dá lugar a Mayke, melhor marcador do que Gabriel Menino, jovem que também é opção para a posição. Abel naturalmente não entregou a escalação, mas confirmou que Felipe Melo será titular.
Para parar o Flamengo, bem como fez com o Atlético-MG nas semis, o treinador deve usar três volantes: Felipe Melo, Zé Rafael e Danilo. Se isso acontecer, Gustavo Scarpa, meia que tem sido decisivo na frente com suas assistências, mas ajuda pouco na marcação deixa a equipe. Melo, capitão do time, também pode atuar mais recuado, em uma linha de três zagueiros em alguns momentos do jogo.
FICHA TÉCNICA
FLAMENGO – Diego Alves; Isla, Rodrigo Caio, David Luiz e Filipe Luís; Willian Arão, Andreas Pereira, Éverton Ribeiro e Arrascaeta; Bruno Henrique e Gabriel. Técnico: Renato Gaúcho.
PALMEIRAS – Weverton; Mayke, Gómez, Luan e Piquerez; Felipe Melo, Zé Rafael, Gustavo Scarpa (Danilo), Raphael Veiga e Dudu; Rony. Técnico: Abel Ferreira.
ÁRBITRO – Néstor Pitana (Argentina)
HORÁRIO – 17h
LOCAL – Estádio Centenário, em Montevidéu