domingo, 29-setembro-2024
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Guarda municipal de Niterói usa spray de pimenta em criança durante ato pela morte de vendedor de bala

De acordo com a Prefeitura de Niterói, o agente foi afastado e a conduta é investigada pela corregedoria da corporação. Tumulto aconteceu na última segunda-feira (14), em frente à estação das barcas de Niterói. No mesmo local, um policial militar de folga matou o vendedor de bala Hiago Macedo, de 22 anos.

A equipe de reportagem do g1 conseguiu conversar com John Peter Rodrigues, pai da criança que recebeu o spray de pimenta no rosto. Ele estava revoltado com a atitude dos agentes.

“A gente estava fazendo manifestação quando o guarda municipal jogou o spray no meu filho. Ele viu que a criança estava no meu colo, olhou para a minha cara e para o meu filho e jogou o spray”, denunciou o homem.

Na avaliação do pai, os guardas municipais poderiam ter retirado ele e a criança do local antes de fazer uso do spray de pimenta.

 

“É uma criança. Jogaram no meio de todo mundo. Todo mundo passando mal. E meu amigo morreu. A gente só veio pra manifestação”, comentou John.

Procurada pelo g1, a Prefeitura de Niterói informou em nota que “os agentes envolvidos no episódio do spray de pimenta foram afastados das ruas imediatamente e serão ouvidos pela Corregedoria da Guarda Municipal para esclarecimento dos fatos”.

O texto diz que Guarda Municipal do município “condena qualquer tipo de violência” e que o uso do spray “só é indicado quando há perigo à integridade física de terceiros ou dos próprios agentes”.

A Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) também ressaltou que prisão do PM que atirou em Hiago foi feita pelos guardas, que o conduziram para a Delegacia de Homicídios da região.

John Peter Rodrigues Paulo reclamou que guardas de Niterói usaram spray de pimenta na direção de seu filho — Foto: Raoni Alves/g1

John Peter Rodrigues Paulo reclamou que guardas de Niterói usaram spray de pimenta na direção de seu filho — Foto: Raoni Alves/g1

Pessoas passam mal

Além do jato de spray contra a criança, a ação da Guarda Municipal causou um tumulto ainda maior no local. Em um vídeo exclusivo do g1, gravado logo após o agente disparar o spray, é possível ver que muitas pessoas começam a passar mal.

No meio da confusão, um rapaz que protestava pela morte de Hiago jogou uma pedra contra os policiais que cercavam o corpo do jovem.

Como resposta, policiais militares e agentes do município de Niterói correm para tentar deter o jovem que atirou a pedra.

Ele foi capturado do outro lado da rua, em frente a uma banca de jornal. No local, novas cenas de violência. Mesmo já detido pelos agentes de segurança, o rapaz e imobilizado por mais 3 policiais enquanto um agente da guarda o agride com seu cassetete.

O rapaz que aparece nas imagens foi um dos quatro detidos durante a confusão na estação das barcas depois de Hiago foi morto por um PM.

Vendedor de bala morto

As circunstâncias da morte de Hiago estão sendo investigadas pela Polícia Civil. Por enquanto, existem duas versões.

Testemunhas disseram que o policial e Hiago começaram uma discussão depois que o trabalhador ofereceu seus produtos para uma terceira pessoa. Um vídeo do Bom Dia Rio mostrou que, horas antes de ser morto, Hiago estava abordando potenciais clientes sem agressividade.

Já a Polícia Militar informou, por meio de nota, que o policial militar estava de folga e reagiu a uma tentativa de roubo na Praça Arariboia (veja a nota completa mais abaixo).

Também nesta terça, houve novo protesto perto da estação das barcas onde Hiago foi morto. Até 17h35, o ato corria sem problemas.

Protesto por Hiago perto das barcas de Niterói — Foto: Raoni Alves/g1

Protesto por Hiago perto das barcas de Niterói — Foto: Raoni Alves/g1

Agressão em shopping

 

O vendedor batia ponto na Praça Arariboia há pelo menos dois anos. Em 2019, o jovem foi agredido por seguranças do shopping Bay Market. Na ocasião, os seguranças foram filmados imobilizando e agredindo o rapaz em dos corredores do centro comercial.

A confusão teria começado porque Hiago se recusou a sair do shopping. Os seguranças imobilizaram o rapaz, mas ele resistiu, e um dos vigilantes chegou a chutá-lo.

“O Hiago vendia balas no interior do shopping. Acharam que ele concorria com as lojas e decidiram expulsá-lo. Só que foi dessa forma agressiva”, contou o advogado Roberto Gatti, que acompanhou o vendedor à delegacia na época por integrar a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Niterói.

Quando menor, Hiago teve passagens pela polícia por praticar roubos, furtos e ameaças a turistas. Para Gatti, esse histórico pode ter criado uma espécie de preconceito contra o rapaz.

Hiago também já respondeu a uma acusação de tentativa de homicídio. Não havia mandado de prisão aberto no nome dele nesta segunda.

 

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