O primeiro transplante de útero feito no Reino Unido teve como protagonistas duas irmãs. A paciente, de 34 anos, nasceu com uma condição rara chamada síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser, em que o útero é subdesenvolvido. A doadora foi sua irmã mais velha, de 40 anos, que já tinha dois filhos.
Apesar da síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (em que o primeiro sinal é quando a adolescente não menstrua), os ovários da paciente estavam intactos e ainda funcionavam para produzir óvulos e hormônios femininos, tornando possível a concepção por meio de tratamento de fertilidade.
Antes de receber o útero de sua irmã, a mulher passou por duas rodadas de estimulação da fertilidade para produzir óvulos, seguidas de injeção intracitoplasmática de espermatozóides para criar embriões.
Conforme apontam os médicos, cinco embriões atingiram a fase de blastocisto. Isso significa chances otimists de sucesso na fertilização in vitro. Com isso, eles foram congelados para quando a paciente for submetida a tratamento na clínica de fertilidade ainda neste ano.
Em comunicado, os médicos informam que o útero transplantado estava funcionando exatamente como deveria e que os planos para a fertilização in vitro estavam no caminho certo. No entanto, a equipe reitera que a paciente deve tomar medicamentos imunossupressores durante qualquer gravidez futura para evitar que o corpo rejeite o órgão do doador.
A previsão é que o transplante dure no máximo cinco anos antes que o útero seja removido. Enqanto isso, a estimativa dos cirurgiões é que no futuro seja possível contar com doadores vivos que não sejam parentes.
Como é o transplante de útero?
Vale entender como são feitos os transplantes de útero para gravidez: hormônios são usados para estimular a menstruação na receptora e, uma vez que o útero esteja funcionando normalmente, um embrião criado por fertilização in vitro é transferido para o útero.
Após o transplante bem-sucedido, o bebê deve nascer por uma cesariana, já que a gravidez é considerada de alto risco. Os especialistas relembram que a mãe consegue sentir as contrações, impossibilitando partos naturais.
No procedimento, a receptora também recebe alguns tipos de medicações imunossupressoras, buscando evitar a rejeição do órgão do doador, conforme vimos nesse caso do primeiro transplante do Reino Unido.
Transplante de útero nos EUA
Em 2022, um estudo apontou que mais da metade das mulheres que receberam um transplante de útero nos EUA teve gestações bem sucedidas. Entre os anos de 2016 e 2021, 33 mulheres estadunidenses foram submetidas à operação, e 19 delas (58%) deram à luz, totalizando 21 bebês.
Em 74% das receptoras dos úteros transplantados, o órgão ainda funcionava um ano após a operação. Dessas pacientes, 83% tiveram filhos nascidos vivos, todos por cesariana, numa média de 14 meses depois do transplante. Mais da metade nasceu após 36 semanas de gestação.