terça-feira, 3-dezembro-2024
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Brasileiros seguem em Gaza apesar de apelo do Itamaraty

A saída dos estrangeiros ocorre pela passagem de Rafah, que liga as cidades homônimas em Gaza e no Egito

Apesar das gestões feitas pelo Itamaraty na véspera, o grupo de 34 pessoas que se inscreveram para serem repatriadas ao Brasil na Faixa de Gaza seguirá nesta sexta (3) no território sob bombardeio intenso de Israel.

“Ainda sem brasileiros”, disse o embaixador do Brasil em Ramallah, na Cisjordânia, Alessandro Candeas.

Ele trata há quase quatro semanas do processo para tentar tirar o grupo, formado na sua composição atual por 24 brasileiros, 7 palestinos buscando imigrar e 3 parentes dele.

A lista informada pelo governo do Egito tem 571 nomes da Alemanha, Estados Unidos, Itália, Indonésia, México e Reino Unido. Assim como na véspera, quando 400 nomes eram de seus cidadãos, americanos são maioria: 367. Britânicos, por sua vez, são 127 dos escolhidos.

Washington e Londres são aliados de primeira hora de Israel, mas a Indonésia, também agraciada agora, é um país de maioria muçulmana que não tem laços diplomáticos com Tel Aviv.

A frustração vem depois de o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, procurar seu colega egípcio, Sameh Shoukry na noite de quinta (2). Ambos foram colegas como embaixadores de seu país em Washington, de 2010 a 2012, e o ministro do Egito disse que iria analisar o caso nesta sexta.

Vieira já havia falado antes, por quatro vezes, com Shoukry, além de duas conversas com o homólogo israelense e uma, tanto com o secretário de Estado americano quanto com seu par qatari. O processo de liberação de estrangeiros e feridos graves de Gaza começou na quarta (1º), e já atendeu quase 1.000 dos cerca de 7.000 cidadãos elegíveis a sair.

São centrais no processo de liberação o Egito, Israel, EUA e Qatar, país do golfo Pérsico que abriga parte da liderança do Hamas, grupo terrorista que comanda Gaza e cujo mega-ataque ao israelenses em 7 de outubro levou à guerra atual. Todos são consultados sobre os nomes a deixar o território palestino.

A saída dos estrangeiros ocorre pela passagem de Rafah, que liga as cidades homônimas em Gaza e no Egito. O Cairo comanda os portões, mas ali só é possível passar com um arranjo de segurança com Tel Aviv, que segue bombardeando a área enquanto concentra sua operação militar por terra no norte da Faixa de Gaza, a partir dos limites da capital do território.

Na quinta, as IDF (Forças de Defesa de Israel) disseram ter cercado a capital, também chamada Gaza, e iniciado combates em sua região central. Mas bombardeios seguem em Rafah, onde há 18 pessoas do grupo brasileiro, e 16, em Khan Yunis, cidade cerca de 10 km ao norte.

A situação é angustiante, como relata Candeas e os refugiados que divulgam vídeos para relatar seu cotidiano. Um deles, Hasan Rabee, espalhou na quinta uma gravação em que criticava o governo federal, apesar de o Itamaraty ter trabalhado para manter as famílias abastecidas e promoveu a retirada de parte delas da cidade de Gaza, onde foram concentradas numa escola católica no começo da guerra.

No Itamaraty, a palavra de ordem é compreensão com a insatisfação dos brasileiros, pela tensão óbvia que a situação gera. Se e quando conseguir sair, o grupo será repatriado a partir de um voo provavelmente do Cairo, onde está parado um avião VC-2 da Presidência, uma versão de transporte de autoridades do Embraer-190.

Até aqui, 1.410 brasileiros foram evacuados de Israel e 32, da Cisjordânia, na maior operação do tipo em tempos de guerra da Força Aérea Brasileira.

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