Cerca de 4 mil litros de gasolina a preços baixíssimos foram oferecidos para cerca de 400 paulistanos como parte da campanha “Combustível Transparente”, da AbriLivre. O objetivo do ato foi conscientizar a população de que os postos não são os responsáveis pelo encarecimento.
Moradores de São Paulo formaram uma longa fila desde as 2h desta quinta-feira (30) para conseguir abastecer o carro com gasolina vendida a R$ 0,40 o litro, em um posto no bairro da Bela Vista, Centro da capital paulista.
O posto Super 9 ofereceu 4 mil litros de gasolina a preços baixíssimos para cerca de 400 paulistanos como parte de uma campanha chamada “Combustível Transparente”, da Associação Brasileira dos Revendedores de Combustíveis Independentes e Livre (AbriLivre).
- ENTENDA: Por que o preço dos combustíveis está subindo – e quem são os ‘culpados’ por isso
- Gasolina a R$ 7 o litro: quem são os ‘culpados’ por isso
-
O objetivo da campanha foi conscientizar a população de que os postos não são os responsáveis pelo encarecimento do combustível no Brasil.
“Até chegar aos postos, os preços dos combustíveis já foram influenciados pela concentração no mercado de distribuição, a vedação à venda e compra direta de combustíveis do produtor para os postos revendedores, os contratos de exclusividade e a Tutela da Fidelidade à Bandeira da ANP (regra que impede que postos que ostentam determinada marca de uma distribuidora comprem combustíveis fornecidos por outras distribuidoras), tributos federais e estaduais”, disse um manifesto da entidade.
Os R$ 0,40 cobrados simbolicamente por litro é o preço que, segundo a AbriLivre, fica como margem média bruta de lucro nos postos, para pagar funcionários, aluguéis, impostos e insumos no valor final cobrado na bomba dos consumidores.
Fila em posto de gasolina na Bela Vista, Centro de São Paulo, para a compra de gasolina a R$ 0,40 nesta quinta-feira (30). — Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Na campanha, cada motorista poderia comprar no máximo dez litros da gasolina. Motoqueiros, entregadores e motoristas de aplicativo chegaram ainda de madrugada para pegar uma das 400 senhas oferecidas pela entidade.
“Tá um absurdo, o preço da corrida baixo e o combustível lá em cima. A gente paga o veiculo, aluguel de carro independente do que seja, entendeu, e tem outros gastos: manutenção do veiculo, tudo isso”, disse o motorista de aplicativo Antonio Santos.
Segundo o presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo do Estado de São Paulo (Amasp), a alta dos combustíveis tem prejudicado os condutores do setor.
“Já trouxe para o motorista de aplicativo sérios problemas nas quais ai já tão afetando metade da sua diária. Metade do seu salário vai pro posto de gasolina”, declarou.
“Os postos não são os responsáveis pelos preços altos, inclusive os postos também são prejudicados por esses preços porque preço alto diminui vendas”, afirmou o diretor-executivo da AbriLivre, Rodrigo Zingales.
Alta da gasolina no Brasil
O preço médio da gasolina subiu pela 8ª semana nos postos de combustíveis do Brasil no último sábado (25) e permanece acima da marca de R$ 6 por litro, de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A cotação média da gasolina comum nas bombas atingiu R$ 6,092 por litro nesta semana, ante R$ 6,076 na semana anterior.
Bomba de gasolina na zona sul de São Paulo — Foto: Marcelo Brandt/G1
A pesquisa também mostrou alta nos valores do etanol, que chegou a R$ 4,715 por litro, versus R$ 4,704 na última semana.
O óleo diesel teve leve recuo e foi cotado a R$ 4,707 por litro, pouco abaixo dos R$ 4,709 registrados na semana passada.
Impacto na inflação
Em 2021, o combustível se transformou num dos vilões da inflação, responsável por afetar duramente o orçamento das famílias brasileiras – já prejudicadas pela alta dos alimentos e da energia elétrica. Segundo o IBGE, a gasolina acumula no ano uma alta de 31,09%.
Os preços de venda dos combustíveis seguem o valor do petróleo no mercado internacional e a variação cambial. Dessa forma, uma cotação mais elevada da commodity e/ou uma desvalorização do real têm potencial para contribuir com uma alta de preços no Brasil, por exemplo.