Especialistas da OMS se reuniram ontem para discutir o rebaixamento do mais alto nível de alerta da organização. Decisão não altera título de pandemia.
Depois de mais de 3 anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta sexta-feira (5) que a Covid não é mais uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). O mais alto título de alerta da organização havia sido declarado para o surto do novo coronavírus no final de janeiro de 2020.
A decisão desta sexta-feira foi motivada pela queda no número de casos e de mortes pela doença, aliada ao avanço da vacinação da população. Pelas estimativas da OMS, desde 2020, a doença matou mais de 7 milhões de pessoas em todo o mundo, um número que pode ser ainda mais alto.
O fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional não altera o título de pandemia de Covid, que só havia sido declarado meses após a emergência, em março do mesmo ano.
Isso porque a Emergência de Saúde Pública é um termo técnico que passa por diversos critérios até ser decretado. A designação é bastante importante para coordenação de esforços de saúde pública internacionais.
Já o termo pandemia é diferente e faz referência a disseminação mundial de uma nova doença, quando vários continentes têm uma transmissão sustentada do surto.
O fim da emergência não significa fim da pandemia, entenda:
- A “Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional” foi declarada em 30 de janeiro de 2020;
- Em março do mesmo ano, a OMS declarou a pandemia;
- Agora, em maio de 2023, a OMS declarou o fim da “Emergência de Saúde Pública”. A decisão veio por causa da queda de casos e de mortes por Covid;
- O diretor-executivo da OMS , Michael Ryan, lembrou que a batalha contra a Covid não acabou e que provavelmente “não haverá um ponto em que a OMS anunciará o fim da pandemia”.
Diferença entre ESPII e pandemia
No começo deste ano a OMS divulgou um vídeo explicando inclusive a diferença entre a ESPII e a pandemia. Nele, a líder técnica da entidade, Maria van Kerkhove, ressaltava que mesmo que a organização decretasse o fim da emergência este ano, o mundo ainda poderia ter que lidar por um bom tempo com a pandemia de Covid.
“Isso porque esse vírus está aqui conosco e veio para ficar”, disse Kerkhove à época.
“É muito difícil definir quando você chega num status em que um novo vírus se torna uma pandemia. Já a ideia de declarar uma ESPII é para coordenar uma ação imediata antes que esse evento se torne ainda maior e vire uma pandemia”, acrescentou.
Especialistas da OMS se reuniram ontem para discutir o rebaixamento do mais alto nível de alerta da organização.
“O Comitê de Emergência se reuniu pela 15ª vez e me recomendou que eu declarasse o fim da emergência de saúde pública de importância internacional. Aceitei esse conselho. É, portanto, com grande esperança que declaro o fim da Covid-19 como uma emergência de saúde global”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.
“No entanto, isso não significa que a Covid-19 acabou como uma ameaça à saúde global. Na semana passada, a Covid ceifou uma vida a cada três minutos – e essas são apenas as mortes que conhecemos”, acrescentou.
Queda de casos e mortes
A decisão acontece depois que vários países, como os Estados Unidos, começaram a suspender seus estados de emergência locais. O Brasil fez o mesmo em abril do ano passado, na contramão do que dizia a OMS na época.
Agora, com a vertiginosa queda nos números de casos e mortes pela doença, aliada à ampla vacinação da população, a situação já é outra, o que motivou a decisão da OMS.
Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em foto de 2022. — Foto: DENIS BALIBOUSE / REUTERS
Nesta sexta, o diretor da OMS disse inclusive que a pandemia está em tendência de queda há mais de um ano, reconhecendo que a maioria dos países já voltou à vida normal antes da Covid.
Mais de três anos depois da declaração da emergência, o vírus causou cerca de 764 milhões de casos em todo o mundo e cerca de 5 bilhões de pessoas receberam pelo menos uma dose da vacina, de acordo com as mais recentes estimativas globais.
“A Covid mudou o nosso mundo e nos mudou”, acrescento Tedros, alertando que o risco de novas variantes ainda persiste pelo mundo.