Documento divulgado pela organização aponta que principais causas são ações de grupos armados não estatais.
O deslocamento interno motivado pela violência na Colômbia aumentou 179% de 2021 em relação a 2020. O movimento deixou 73 mil vítimas, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), órgão diretamente relacionado à ONU.
Em um relatório divulgado nesta terça-feira (15), o OCHA destacou que estas pessoas foram forçadas a fugir de seus “territórios de origem” pela pressão de organizações ilegais.
“As ações dos grupos armados não estatais (GANE) contra a população civil são as causas principais do deslocamento forçado na Colômbia“, evidenciou o escritório da ONU.
64% dos deslocados fugiram após receberem ameaças “diretas por meio de telefonemas, panfletos e mensagens”.
Família vivendo em acampamento improvisado na cidade de Bogotá (Colombia) — Foto: Luisa Gonzalez/Reuters
Em setembro, antes de consolidar o registro anual, a OCHA já tinha alertado que 2021 seria o ano com mais deslocamentos desde 2012.
Os “ataques diretos contra a população civil” também aumentaram 37% em relação ao ano anterior.
Chocó, Valle del Cauca e Nariño, departamentos desta região que servem como corredor para o narcotráfico, concentram 75% dos casos.
As comunidades negras (42%) e indígenas (15%) são as principais vítimas. Do total de deslocados, 18% são crianças.
A OCHA calcula que apenas 11.700 dos deslocados (16%) em 2021 voltaram a seus lares.
A Colômbia enfrenta a investida de grupos guerrilheiros que se afastaram do processo de paz, bem como quadrilhas de narcotraficantes e de origem paramilitar. Em vários pontos do país, disputam entre eles a receita da exportação de drogas e do garimpo ilegal.
Se tratando apenas do Pacífico colombiano há uma “crise de proteção associada à presença de mais de cinco atores armados que disputam o controle territorial e social”, acrescenta o informe.
Ao longo de seis décadas de conflito interno na Colômbia, pouco mais de oito milhões de pessoas foram deslocadas, o que representa 16% da população atual do país (50 milhões), segundo o registro estatal de vítimas.