domingo, 24-novembro-2024
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EUA alertam a União Europeia sobre uma possível invasão da Ucrânia pela Rússia

Washington tem monitorado o crescimento do exército russo na região da fronteira com a Ucrânia, e Moscou descarta qualquer intenção beligerante

Os EUA emitiram um alerta aos seus aliados da União Europeia (UE) sobre a possibilidade de invasão do território ucraniano pela Rússia, em meio à crescente tensão entre Moscou e o bloco por conta de questões de migração e suprimentos de energia. As informações são da revista Time.

Washington tem monitorado o crescimento do exército russo na região da fronteira com a Ucrânia, ao passo que mantém seus pares na UE informados sobre os potenciais riscos de uma operação militar com o objetivo de invasão.

Um funcionário da Casa Branca disse na noite desta quinta-feira (11) que os EUA fizeram consultas ao aliados sobre a movimentação militar na região, alegando que consideram a Ucrânia um parceiro e irão denunciar todo e qualquer ato agressivo da Rússia.

Moscou justifica que os posicionamentos das suas forças dentro do seu território são “assunto interno” e descarta qualquer intenção beligerante. Além disso, aponta o dedo para os EUA, classificando como “provocação” a presença de navios de guerra no Mar Negro perto de seu território, episódio ocorrido nesta semana. A Marinha norte-americana, por sua vez, alega que as operações do USS Mount Whitney no local demonstram o compromisso firmado com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e com aquela turbulenta região.

Tensão parecida surgiu na metade do ano, quando a Rússia foi acusada por EUA e Otan de reunir um contingente de 100 mil soldados, tanques e aviões perto da fronteira com a Ucrânia. Os ânimos só foram contidos após uma ligação de Biden a Putin, na qual o presidente norte-americano propôs o encontro entre os líderes ocorrido em Genebra, na Suíça, no dia 16 de junho.

Gás e manifestação de força

O alerta dos EUA sobre a Ucrânia soma-se ao impasse mais recente entre Polônia e Belarus, este último um fiel aliado russo. E ocorre em meio à incerteza sobre o aumento do fornecimento de gás russo – tido como uma arma geopolítica – à Europa, apesar da promessa de Putin de aumentar as entregas a partir desta semana para aliviar a crise de energia no continente.

Para isso, o líder russo tem pressionando os reguladores europeus para que concedam rapidamente a aprovação para operação do gasoduto Nord Stream 2, projetado para fornecer gás russo diretamente para a Alemanha através do Mar Báltico, contornando a Ucrânia e a Polônia. O projeto não é bem visto por EUA e Ucrânia, que são contrários por entenderem que há risco de segurança.

Segundo a revista Time, a Rússia não pretende começar uma guerra com a Ucrânia agora, embora Moscou deva dar demonstrações de que está pronta para usar a força se necessário, disse à reportagem uma fonte próxima ao Kremlin. Uma ofensiva é improvável, já que as tropas russas enfrentariam resistência pública em Kiev e outras cidades, “mas há um plano para responder às provocações da Ucrânia”, disse outra autoridade.

Uma outra fonte governamental sustenta que “as preocupações dos EUA sobre as intenções russas são baseadas em evidências acumuladas e tendências que carregam ecos da corrida para a anexação da Crimeia da Ucrânia por Putin em 2014”.

Por que isso importa?

tensão entre Ucrânia e Rússia explodiu com a anexação da Crimeia por Moscou. Tudo começou no final de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, o pró-Kremlin Viktor Yanukovych, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país com a União Europeia (UE). A decisão levou a protestos em massa que culminaram com a fuga de Yanukovych para Moscou em fevereiro de 2014.

Após a fuga do presidente, grupos pró-Moscou aproveitaram o vazio no governo nacional para assumir o comando da península e declarar sua independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da Crimeia com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.

Após o referendo, considerado ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia passou a se considerar território da Rússia. Entre outros, adotou o rublo russo como moeda e mudou o código dos telefones para o da Rússia.

O governo russo também apoia os separatistas ucranianos que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O conflito armado, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, com suporte militar russo, ao governo ucraniano.

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