Nos Estados Unidos, apoio do governo leva plugue da Tesla e CCS a ganharem mais espaço; no Brasil, conector Tipo 2 é o mais popular e ampliação de estações é prioridade
O estado americano de Washington está promovendo o uso do carregador da Tesla nos pontos de recarga de seu território. O local é mais um nos Estados Unidos, depois do Texas e do Kentucky, a pedir que fabricantes de veículos e de espaços para recarga de carros elétricos incluam o padrão da Tesla nos carregadores. Além dos órgãos governamentais, outras montadoras também estão seguindo o Padrão de Carregamento da América do Norte (NACS, na sigla em inglês) — nome dado pela fabricante.
A opção pelo NACS não é motivada por nenhum lobby da Tesla, mas sim pela qualidade do carregador. Entre as vantagens do padrão estão o cabo mais leve, a possibilidade de pagamento sem contato e (o mais importante) a fatia de mercado — 60% das estações nos Estados Unidos e Canadá utilizam NACS. Afinal, a eletrificação dos carros envolve também uma grande infraestrutura para “abastecê-los”.
Além de estados, concorrentes também adotam o padrão NACS
Não são apenas os estado de Washington, Texas e Kentucky que estão incentivando o uso dos carregadores NACS para EVs (sigla em inglês para veículos elétricos). As rivais Ford e GM também anunciaram que optaram pelo conector da Tesla. Essas montadoras também estão vendendo adaptadores para quem possui carro da marca com outro tipo de conectar.
O governo de Joe Biden divulgou no início de junho que subsidiará estações de carregamento que optem pelo padrão da Tesla. Todavia, as fabricantes também precisam instalar conectores CCS — este já possui subsídio do governo americano. O CCS é a tentativa de padronizar os carregadores no Estados Unidos. Ou seja, para ganhar o dinheiro da Casa Branca é necessário possuir os dois carregadores.
Os Estados Unidos não possuem um modelo único de conector para EVs, mas se prepara resolver um possível problema: vários carregadores de diferentes marcas de automóveis. Aqui no Brasil não se fala em padronização, mas algumas fabricantes contornam a questão usando mais de uma opção em seus carros.
Padronização no Brasil não é foco das montadoras
No Brasil, que conta com uma pequena frota de carros elétricos, a diferença de carregadores entre as fabricantes não é um problema. Conforme o Tecnoblog apurou com montadoras que atuam no Brasil e vendem veículos híbridos plug-in (PHEV) e totalmente elétricos (BEV), a infraestrutura para carregamento é o principal fator para a popularização de dos EVs por aqui.
E a “preocupação” tem sentido. Afinal, não adianta você vender o carro se o consumidor não tiver onde abastecer. No Brasil, o plugue Tipo 2 é o mais comum. E para contornar possíveis problemas de compatibilidade nas estações de recarga, alguns carros contam com dois conectores, como é o caso dos BEVs da Stellantis — dona da Citroen, FIAT, Pegeout e Jepp — vendidos no país. Eles utilizam os carregadores Tipo 2 e CCS2.
A gerente de desenvolvimento de infraestrutura para EVs na GM, Glaucia Roveri, explica ao Tecnoblog que, no momento, a montadora não pretende trocar os seus conectores pelo NACS, como está acontecendo com a marca nos EUA. No Brasil, a GM utiliza apenas o conector Tipo 2.
“A GM dos Estados Unidos já anunciou que irá adotar o padrão NACS em seus futuros carros elétricos, a partir de 2025. No que diz respeito ao Brasil, avaliamos o tema com atenção e a decisão dependerá de diversos fatores, como por exemplo a infraestrutura local para uso desse tipo de carregador e eventuais estímulos por meio de políticas públicas, entre outros.”
Glaucia Roveri
Marcelo Godoy, um dos diretores da Volvo na América Latina, diz que a marca estuda o uso do NACS país. Os carros da Volvo também utilizam o conector Tipo 2, que “atende de maneira segura e efetiva o mercado brasileiro, além de ser o mais comum”, explica Godoy.
Todavia, a fabricante sueca vê que a padronização dos carregadores vai ao encontro dos valores da marca.
“Para nós, a eletrificação não é uma fase ou algo novo, é algo que já começou e veio para ficar. Por isso, e pensando sempre no conforto e segurança dos nossos consumidores, utilizamos o carregador de plug tipo 2, padrão que atende de maneira segura e efetiva o mercado brasileiro, além de ser o mais comum. Para nós, padronizar os carregadores é sinônimo de acessibilidade e segurança, não só para nossos clientes, mas para todos que resolvem aderir à tecnologia, que além de inovadora, contribui para o futuro do planeta e está alinhada com todos os nossos valores como marca.”
Marcelo Godoy
Antes de começarmos a falar de padronização de conectores, é necessária a infraestrutura para carregar os veículos elétricos da frota brasileira. O que inclui, no momento, atender os plugues Tipo 2, comum nos carros de marcas europeias e GM, e GB/T, das fabricantes chinesas — que apesar de serem fisicamente idênticos, têm diferenças de entre macho e fêmea.