Minutos depois de relativizar a conduta de Bolsonaro, Mourão atacou por mais de uma vez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu indicado ao Supremo Tribunal Federal, o advogado Cristiano Zanin, aprovado para a Corte pelo Senado.
Osenador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) defendeu neste sábado, 1º, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem foi vice, e disse haver exagero na definição de sua inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Que apliquem uma multa nele se ele se excedeu”, disse.
As declarações foram dadas no fim da tarde de hoje, no programa de entrevistas do jornalista Roberto D’Ávila, na Globonews. Minutos depois de relativizar a conduta de Bolsonaro, Mourão atacou por mais de uma vez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu indicado ao Supremo Tribunal Federal, o advogado Cristiano Zanin, aprovado para a Corte pelo Senado.
Questionado sobre o desempenho de Lula na arena internacional, com convites para viagens ao exterior que contrastam com o vazio de Bolsonaro, Mourão minimizou. O senador disse que Bolsonaro não tinha uma agenda cheia de viagens e afirmou que Lula também não tem tido sucesso.
“O Lula não é grande coisa (na política internacional). Só fala português, e com desvantagens”, disse. Ao ser contrariado por D’Ávila, que mencionou a recepção de líderes a Lula, Mourão emendou: “Lógico, é um operário. É aquela síndrome…”
Sobre Zanin, Mourão justificou o voto contrário à indicação na sabatina do Senado. “O Zanin é aquela história: excelente advogado, conseguiu até inocentar o Lula, dirimir os processos do Lula. Mas votei contra pelo princípio da impessoalidade e porque não tem o notável saber. Não é aquele cara que você diz: tenho uma dúvida sobre direito constitucional, vou consultar o Zanin. Ninguém vai consultar o Zanin”, disse.
Sobrou também para os veteranos do STF. “Nossos magistrados da Suprema Corte estão em Portugal discutindo o Brasil. Precisam ir para Portugal discutir o Brasil?”, questionou Mourão. Ele fazia referência ao evento anual organizado pelo ministro Gilmar Mendes em Lisboa. Mourão se queixou porque, em uma série de investigações no Supremo, não estariam sendo respeitados o devido processo legal e a questão do juiz natural.
Bolsonaro e Mauro Cid
As reclamações chegaram ao julgamento da inelegibilidade de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A gravação foi feita antes da conclusão do julgamento, mas conhecia-se a tendência da Corte.
“Acho forte tornar o Bolsonaro inelegível, como se ele fosse o inimigo público número 1 do Brasil. Aplica multa nele se ele se excedeu em algum momento. A chapa Dilma-Temer, depois de 3 anos de julgamento, foi absolvida por ‘excesso de provas’, segundo se dizia na época”, comparou.
“Bolsonaro foi um dos governantes mais atacados na história do Brasil. Nosso governo fez muita coisa positiva e, por algum problema ou outro, não conseguimos transmitir isso”, analisou.
Ao fim do último governo, Mourão se elegeu senador pelo Rio Grande do Sul com ampla votação do eleitorado bolsonarista, apesar das frequentes divergências com a família Bolsonaro, conhecidas nos bastidores.
Atento a isso, ele minimizou a conduta do ex-presidente e do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (PL). Recentemente, a Polícia Federal encontrou mensagens no celular de Cid que mostram conversas de teor golpistas com pessoas próximas ao ex-presidente. Mourão disse que Cid era um militar exemplar e promissor e indagou, de forma retórica, se alguém resistiria a uma devassa em conversas privadas no celular.