O jornal O Globo, neste domingo (13), criticou a proposta de Lula e do PT de usar bancos estatais para realizar investimentos em obras e infraestrutura. Com o título “Ao prometer usar bancos estatais, Lula revive o pior do PT”, editorial do veículo afirma que “nos anos em que partido governou, Caixa, Banco do Brasil e BNDES foram usados para financiar desvarios”.
Curiosamente, o mesmo jornal “esqueceu” de elogiar o governo Bolsonaro de fazer justamente o contrário e buscar o capital privado para fomentar o setor logístico brasileiro, por meio de privatizações e concessões.
Entre as declarações de Lula que têm despertado tensão nos mercados, diz o Globo, “está a promessa de retomar os investimentos em obras e projetos de infraestrutura por meio dos bancos estatais. Lula vê a medida como uma oportunidade de retomar a atividade econômica e gerar empregos. Mas o retrospecto do PT no governo justifica a apreensão. Em 14 anos no poder, Caixa, BNDES e Banco do Brasil foram usados sem a menor parcimônia para financiar toda sorte de desvario. Boa parte da crise fiscal que levou o Tesouro à bancarrota e a ex-presidente Dilma Rousseff ao impeachment foi gerada pela incúria com os bancos públicos”.
O mesmo jornal agora também questiona o programa petista de resolver as dívidas de quase 70 milhões de pessoas: “Não bastassem as obras, entre as promessas de campanha de Lula está a ajuda aos 68,4 milhões de endividados junto a concessionários de serviços básicos (água, luz e outros serviços) ou a bancos e redes de varejo. O programa, batizado por enquanto de Desenrola Brasil, constituirá um fundo com recursos de R$ 7 bilhões a R$ 18 bilhões para renegociar essas dívidas e permitir que os devedores voltem a consumir e ajudar a economia a crescer.”
O Globo também parece bem preocupado com o desejo de Lula de usar bancos públicos para MEIs e programas de segurança hídrica no nordeste: “Não para por aí. Os bancos públicos também serão convocados a ajudar os microempreendedores individuais (MEIs) a reduzir dívidas. Apoiarão, ainda, programas sociais de construção de cisternas no semiárido nordestino. O Banco do Brasil deverá atuar em projetos sociais por meio da sua fundação, incluindo a ajuda a catadores de resíduos sólidos. Lula tem ainda a seu dispor a Caixa e os Bancos do Nordeste e da Amazônia, para não falar no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), fonte de crédito para grandes projetos que Lula pretende transformar agora em financiador do pequeno empresário”.
Para criticar a intenção de Lula de, mais uma vez, usar a Caixa Econômica para financiar seus projetos, O Globo consegue, de forma desproporcional, usar como exemplo a gestão do governo Bolsonaro (que foi responsável por atender os mais carentes e ainda fazer o banco dar lucros milionários): “A Caixa, usada pelo presidente Jair Bolsonaro para oferecer o absurdo crédito consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil, tratará do Minha Casa Minha Vida, o Casa Verde e Amarela rebatizado, para também atender famílias com renda abaixo de R$ 1.800, hoje desassistidas.”
O editoria prossegue lembrando do desastre da gestão pública no governo Dilma: “A experiência acumulada nos anos de poder deveria ajudar Lula a não repetir os erros do passado. Nos governos petistas, sobretudo na gestão Dilma, o viés estatista e intervencionista do PT levou ao aumento dos gastos e a uma crise fiscal de que o país ainda não se recuperou. Os bancos estatais chegaram a ser usados para forçar a queda dos juros no mercado, uma medida delirante que obviamente fracassou.”
Por fim, diz O Globo: “Tudo isso significa uma enorme mobilização de recursos. Será um retrocesso se for feita sem critério, na base da vontade política, só para fazer bonito diante dos eleitorados que contribuíram para a vitória de Lula. Pior ainda se levar o governo a recorrer mais uma vez ao contribuinte para tapar o rombo. É preciso, acima de tudo, cuidado com o endividamento público.”
É estranho o jornal do grupo Globo perceber só agora, duas semanas após o segundo turno, que a promessa de Lula durante toda a campanha era reviver o mesmo modelo de gestão que levou o Brasil viver a crise de 2015 e que ainda nos traz problemas. E se Lula hoje fala como presidente eleito, certamente parte da responsabilidade é do mesmo jornal que hoje se diz “preocupado” com populismo.
Fonte: direitaonline.com.br