sexta-feira, 22-novembro-2024
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ONG relata ‘crueldade e violência indescritíveis e deliberadas contra civis ucranianos’

Human Rights Watch diz ter coletado evidências de crimes de guerra cometidos por tropas russas, como estupros e assassinatos

A ONG Human Rights Watch (HRW), um dos mais importantes grupos humanitários do mundo, alega ter documentado casos de crimes de guerra cometidos por tropas russas durante a ocupação da Ucrânia. Em relatório divulgado no domingo (3), a entidade diz ter provas de um caso de estupro e de duas execuções sumárias, bem como de outras formas de violência, como agressões e ameaças a civis.

“Os casos que documentamos representam crueldade e violência indescritíveis e deliberadas contra civis ucranianos”, disse Hugh Williamson, diretor da HRW para Europa e Ásia Central. “Estupro, assassinato e outros atos violentos contra pessoas sob custódia das forças russas devem ser investigados como crimes de guerra”.

Durante a investigação, a ONG diz ter entrevistado dez testemunhas, pessoalmente ou por telefone. Muitas delas pediram que fossem identificadas somente pelo primeiro nome ou por pseudônimos, pois temem por sua segurança.

Um dos casos documentados ocorreu na cidade de Bucha, perto de Kiev, em 4 de março. De acordo com a HRW, cinco homens foram cercados por soldados do exército da Rússia. Eles foram obrigados a se ajoelhar, e um foi sumariamente executado com um tiro na nuca. Crime semelhante ocorreu no vilarejo de Staryi Bykiv, em 27 de fevereiro, onde as vítimas foram ao menos seis homens que igualmente haviam se rendido aos militares russos.

O caso de estupro registrado pela ONG teria ocorrido no dia 13 de março, na região de Kharkiv. A vítima, identificada pelo pseudônimo Olha, diz ter sido agredida e repetidamente estuprada por um soldado. Ela era parte de um grande grupo que se escondia no subsolo de uma escola quando o militar russo invadiu o espaço e ameaçou matar todos caso não o obedecessem.

Levada para longe do grupo, Olha diz que o soldado a fez tirar toda a roupa e depois a estuprou. Inicialmente, o agressor sequer permitiu que ela se vestisse novamente, mesmo com o frio intenso no local. Ele só permitiu que ela voltasse ao grupo no dia seguinte, depois de tê-la estuprado seguidas vezes, agredido com um livro pesado e ferido no rosto e no pescoço com uma faca.

Massacre em Bucha

Um dia antes da divulgação do relatório da HRW, os corpos de ao menos 20 pessoas foram encontrados em uma rua de Bucha, três dias após a retirada do exército russo, segundo a rede CNN. Trata-se da mesma cidade onde a ONG documentou uma das execuções sumárias.

As imagens dos corpos foram divulgadas primeiro pela Agência France-Presse (AFP), no sábado (2), logo após as forças ucranianas retomarem o controle da cidade. As imagens levaram o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, a falar em “massacre deliberado” e a pedir mais ajuda militar para o país se defender da Rússia.

“O massacre de Bucha prova que o ódio russo aos ucranianos está além de qualquer coisa que a Europa tenha visto desde a Segunda Guerra Mundial. A única maneira de impedir isso: ajude a Ucrânia a expulsar os russos o mais rápido possível. Os parceiros conhecem nossas necessidades. Tanques, aviões de combate, sistemas de defesa aérea pesada. Forneça-os AGORA”, disse Kuleba em sua conta no Twitter.

De acordo com o prefeito Anatoliy Fedoruk, em entrevista à agência Reuters, mais de 300 civis foram mortos na cidade pelas tropas russas. “Qualquer guerra tem algumas regras de engajamento para civis. Os russos demonstraram que estavam matando conscientemente civis”, disse ele.

Após a divulgação das cenas chocantes de Bucha, o presidente norte-americano Joe Biden pediu mais uma vez que Vladimir Putin seja julgado por crimes de guerra. “Vocês devem lembrar que fui criticado por chamar Putin de criminoso de guerra”, disse o líder norte-americano. “Bem, a verdade é que você viu o que aconteceu em Bucha. Isso garante: ele é um criminoso de guerra. Mas temos que reunir as provas”.

Ao reforçar suas acusações, Biden disse que voltará a impor sanções contra a Rússia na tentativa de frear a maquina de guerra de Moscou. “Esse cara é brutal, e o que está acontecendo em Bucha é ultrajante, e todo mundo viu”, disse ele, referindo-se a Putin. “Sim, vou continuar a adicionar sanções”.

Os mortos de Putin

Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia

Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.

O Informanoticia organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.

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