Bloco com as nações mais industrializadas do mundo emitiu um comunicado posicionando-se novamente ao lado da Ucrânia
Os países que compõem o G7, bloco com as nações mais industrializadas do mundo, emitiram um comunicado no sábado (19) e se posicionaram novamente a favor da Ucrânia e contra a Rússia na tensão entre os vizinhos que pode se transformar em um conflito armado. Como vem ocorrendo nas últimas semanas, os integrantes do grupo mais uma vez falaram em sanções econômicas e financeiras a Moscou em caso de invasão.
“Embora estejamos prontos para explorar soluções diplomáticas para lidar com preocupações legítimas de segurança, a Rússia não deve ter dúvidas de que qualquer nova agressão militar contra a Ucrânia terá consequências enormes, incluindo sanções financeiras e econômicas contra uma ampla gama de alvos setoriais e individuais que imporiam custos severos e sem precedentes à economia russa”, diz o texto.
A carta é assinada pelos ministros das Relações Exteriores de Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, bem como pelo alto representante da União Europeia (UE). A manifestação não chega a ser novidade, visto de representantes de alguns desses países já haviam se manifestado de forma isolada sobre a intenção de se impor medidas duras contra Moscou, sempre nos campos econômico e financeiro.
Para a Rússia, esse tipo de pressão também não é novidade. Apenas o momento é diferente. A carta surge após Moscou afirmar que as tropas estacionadas em Belarus retornariam a seus postos habituais, em território russa. Promessa que não se cumpriu. Ao contrario, o efetivo aumentou.
“A concentração de forças militares não provocadas e injustificadas da Rússia, a maior implantação no continente europeu desde o fim da Guerra Fria, é um desafio à segurança global e à ordem internacional”, dizem os ministros dos países do G7.
“Exortamos a Rússia a escolher o caminho da diplomacia, diminuir as tensões, retirar substancialmente as forças militares da proximidade das fronteiras da Ucrânia e cumprir integralmente os compromissos internacionais, incluindo a redução de riscos e a transparência das atividades militares”, diz o texto.
Por que isso importa?
A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e segue até hoje.
O conflito armado no leste da Ucrânia, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe o governo ucraniano às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e contam com o suporte de Moscou. Em 2021, a situação ficou especialmente delicada, com a ameaça de uma invasão integral da Rússia à Ucrânia.
Washington tem monitorado o crescimento do exército russo na região fronteiriça e compartilha com seus aliados informações de inteligência. Os dados apontam um aumento de tropas e artilharia russas que permitiriam um avanço rápido e em grande escala, bastando para isso a aprovação de Putin e a adoção das medidas logísticas necessárias.
A inteligência da Ucrânia calcula a presença de mais de 120 mil tropas nas regiões de fronteira, enquanto especialistas calculam que sejam necessárias 175 mil para uma invasão. Já a inteligência dos EUA afirma que um eventual ataque ao país vizinho por parte da Rússia ocorreria pela Crimeia e por Belarus.
Um conflito, porém, não seria tão fácil para Moscou. Isso porque, desde 2014, o Ocidente ajudou a Ucrânia a desenvolver e ampliar suas forças armadas, com fornecimento de armamento, tecnologia e treinamento. Assim, embora Putin negue qualquer intenção de lançar uma ofensiva, se isso ocorrer, as tropas russas enfrentariam um exército ucraniano muito mais capaz de resistir.
Fonte: A Referência